Uma história oral da primeira medalha do Brasil no hockey no gelo

Seleção brasileira posa com a medalha de bronze após torneio de hockey no gelo na Cidade do México

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Quando o Brasil se associou à Federação Internacional de Hockey no Gelo, em 1984, provavelmente não se imaginava o exato rumo que o esporte tomaria aqui nas décadas seguintes. Apesar da menor familiaridade com o gelo, em comparação aos vizinhos ao sul, o país foi o primeiro na América do Sul a se vincular oficialmente à IIHF.

Trinta anos depois, brasileiros competiram pela primeira vez em um torneio internacional oficial de hockey no gelo, organizado pela Federação Mexicana do esporte e sancionado pela IIHF. Sem tradição na modalidade, nem estruturas permanentes disponíveis no país, a equipe brasileira terminou a competição em último lugar entre as cinco participantes, com quatro derrotas e um saldo negativo de 48 gols sofridos.

“Coincidiu com duas cidades, Rio e São Paulo, estarem com uma quadra de gelo e com pessoas que eram do (hockey) inline, ou já tiveram experiência no gelo, treinando de uma forma recorrente” disse Julio Baptista, um dos jogadores que participou desta primeira edição do torneio. “E aí juntou esse pessoal de SP e do Rio e fizemos essa primeira viagem, foi tudo novo. Uma galera que foi com a cara e a coragem de viver uma experiência nova, e foi bacana. A gente precisou passar por 2014 pra entender o que a gente precisava.”

“Depois que todos participaram, eu voltei para o Brasil e a primeira coisa que a gente precisava era de um treinador” recordou Alexandre Capelle, na época dirigente do hockey no gelo pela Confederação Brasileira de Desportos no Gelo. 

No ano seguinte, o convite veio novamente para participar do torneio no México. Desta vez, com algum apoio também da CBDG, o país voltou para o segundo ano da competição e alcançou a primeira, e até hoje mais importante conquista brasileira no hockey no gelo: a medalha de bronze.

Para este capítulo do 10 for 10, o NHeLas conversou com o presidente do Brazil Ice Hockey e Federação Paulista de Hockey no Gelo, Alexandre Capelle, o treinador, Jens Hinderlie, e onze atletas da equipe brasileira que participaram do Pan-Americano de Hóquei no Gelo de 2015. Estes atletas são a prova de que é possível ter hockey no gelo no Brasil, e este é um sonho que está apenas começando.

Neste texto, damos voz a esses pioneiros. O NHeLas, acima de tudo, acredita no esporte e nas possibilidades que ele traz. Acredita que se pode quebrar a cultura mono-esportiva no Brasil e incentivar outras práticas, como a do nosso amado hockey. Essas são algumas das recordações daquela equipe sobre o torneio no México; relatos que vão além do jogo, e nos mostram as diversas facetas que uma competição assim pode ter.

(Todas as posições e títulos referem-se a 2015. As entrevistas foram levemente editadas para maior entendimento e clareza)

Bruno Gomes, atacante: Até hoje eu tenho certeza disso: em geral, a gente tinha melhores jogadores de hockey do que todos os outros times. Eles tinham melhores patinadores de gelo, (mas) de todos os jogadores da seleção brasileira, tinha pelo menos uns 10 que já tinham sido campeão mundial, tinha uma história ali de vice-campeão mundial, tinha vários jogadores de roller hockey muito, muito bons. E foi por isso também que a gente conseguiu chegar a esse nível nessa competição.

Luis Roberto Custódio, defensor: Foi um campeonato que deu um ânimo, né? Esse estar no gelo deu um ânimo a mais, e ao mesmo tempo uma tristeza no sentido de ‘por que eu não estava aqui antes?’ Mas foi muito bom, um sonho para todos praticamente, porque mesmo quem já era do gelo, quem tinha um contato maior com o gelo, estava ali, a grande maioria, num primeiro momento com a camisa do Brasil no gelo. Então de alguma forma era realmente um sonho do grupo, para seleção, técnicos…

Allen Ruane, goleiro: É bom esses torneios com todas as equipes da Latin America porque todo mundo é igual, não tem equipes tão fortes ou tão fracas também, nós só precisamos treinar um pouquinho mais. 

Henrique Degani, atacante: Engraçado, quando a gente chegou lá, já tinha oito rinques de gelo na Cidade do México, se não me engano. Oficiais. A única coisa que não tinha era alguém que (tivesse) organizado um campeonato, porque todo mundo já podia participar. O meu ponto nem é a falta de quadra aqui no Brasil, o meu ponto é que a gente poderia ter organizado campeonato lá mais cedo ainda, né? A gente não fez nada de diferente, que não tenha sido feito no passado, que levou a gente a jogar esse campeonato.

Pedro Tonietto, goleiro: O sentimento que eu tive esse campeonato inteiro foi incrível. Eu joguei só cinco minutos, contra a Colômbia, num jogo antes do campeonato começar. E por mais que tenha sido só um jogo de ‘pré-temporada’, digamos assim, o fato de colocar a camisa da seleção e pisar no gelo, parece que eu nem sabia patinar mais. Pulei o banco e até chegar lá no gol acho que foram os dez segundos mais lentos da minha vida. Como é em todo jogo em que a gente fica nervoso, depois da primeira defesa as coisas fluem. Mas foi realmente uma experiência incrível, eu acho que nunca vou esquecer daqueles primeiros dez segundos com a camisa da seleção no gelo.

Yan Graciano, atacante: Eles meio que me fizeram o ‘bicho’ da seleção, porque eu era o mais novo, então eu tinha que carregar equipamento, encher água, mas ao mesmo tempo eu lembro que eu tinha 19 ou 18 anos, e, tirando o goleiro, era o que tinha mais experiência no hockey no gelo, então era meio estranho.

Jens Hinderlie, treinador: Eu sei que muitos deles estavam cansados e os quartos tinham esse cheiro horrível de hockey, que é o pior cheiro que há na Terra; equipamento de hockey, luvas, é simplesmente nojento. Eles tinham que colocar aquilo nos quartos e deixar tomando ar todo o equipamento, com os ventiladores… Esse torneio em si tem seu peso e leva um tempo para se preparar, e o pessoal conseguiu fazer isso num curto período, o que foi uma verdadeira prova de seu já bom condicionamento físico, mas também da determinação para aprender. Muitos deles só queriam aprender e isso é meio caminho andado para qualquer coisa.

Equipe do Brasil no Torneio Pan-Americano de Hockey no Gelo em 2015 (Foto cortesia de Alexandre Capelle)

Antes do torneio

Hinderlie: Em 2015, eu resolvi me mudar para o Brasil e, durante o processo, literalmente um mês antes da mudança, minha esposa, Gabriela, entrou em contato com a Confederação Brasileira de Desportos no Gelo e eles a puseram para falar com o (Alexandre) Capelle. Ela falou para ele da minha paixão pelo hockey e nos colocou em contato. A partir daí, o Capelle e eu começamos a nos falar e basicamente foi assim que começou.

Alexandre Capelle, dirigente do hockey no gelo (CBDG): A gente se conheceu, falei ‘Jens, você não quer ser o treinador?’, ‘Mas de hockey inline?’ e eu falei ‘Não, de hockey no gelo. Vai ter no México de novo, o segundo evento, e gostaria que você fosse como treinador.’ 

Hinderlie: Eu me mudei para o Brasil e cinco dias depois estava em (Contagem) assistindo a todos esses jogadores de (hockey) inline, e um mês, talvez dois meses mais tarde a gente estava no México e entrou no gelo pela primeira vez. O Capelle tinha uma lista com os caras que estavam interessados, então ele só me pediu para assistir a esses jogadores e eu os vi jogar e fiquei bem impressionado com o nível de habilidade de todo mundo. Eu não cheguei a jogar muito inline na minha vida porque eu cresci em Minnesota e jogava hockey no gelo praticamente em qualquer lugar que eu ia, mas eu fiquei muito admirado com como eles paravam num instante e giravam, e tinham uma boa movimentação lateral… Fifo (Luis Roberto Custódio) foi um jogador pelo qual eu me apaixonei, só a maneira como ele controla o jogo e, mesmo no gelo, ele pode ser um ótimo defensor ou um ótimo atacante. Honestamente, só escolhemos quem achamos que iria ajudar esse time.

Capelle: Em 2015, teve esse campeonato em Minas, o Campeonato Nacional de Hockey, onde estavam as melhores equipes (do Brasil). Se não me engano, tinham 12. Eu conversei com treinadores das equipes (no congresso técnico) dizendo que a gente ia selecionar os atletas e se tivesse alguém interessado, (era para) procurar o Jens para ele fazer a escolha. A maioria foi o pessoal do Rio e de São Paulo, o pessoal que praticava mais o hockey no gelo. Em 2015 a gente tentou levar os melhores atletas, os que tinham experiência no gelo e eram os melhores atletas no Brasil. Tivemos o apoio da Confederação também, tivemos patrocínio da passagem, de uniforme, os treinos e clínicas, as taxas do campeonato, isso tudo a gente conseguiu através do Emílio Strapasson, que era o presidente na época da CBDG. Fica o agradecimento a ele por essa oportunidade da gente conseguir levar os melhores atletas.

Daniel Hämmerle, goleiro: Foi uma ajuda muito significativa que nos possibilitou levar um time bem melhor que a gente levou nos anos anteriores, e a gente conseguiu chegar com uma força muito legal lá, (tanto) que a gente conseguiu trazer medalha. Foi muito significativa a ajuda da CBDG nesse campeonato. 

Gomes: O melhor ano que a gente foi, foi quando a gente teve apoio.

Daniel Vannuchi, defensor: Era um sonho começando a se tornar realidade, da gente jogar um campeonato de hockey no gelo, da Confederação ajudar a levar uma equipe competitiva. A maioria dos atletas não tinha experiência com o gelo. A experiência que eu tinha era aqui no hockey no gelo do Rio, mas a quadra era muito pequena, não retrata muito a realidade de como é um campeonato de ice hockey.

A experiência prévia

Ruane: Eu nasci aqui nos Estados Unidos. Minha mãe é brasileira e meu pai é americano. Comecei (a jogar) hockey com onze anos, sempre fui goleiro, no high school, depois faculdade, joguei um pouquinho pro. Mas em 2012, eu fui para o Brasil, eu fui pro Rio, morei lá oito meses e comecei vendo que tinha hockey (no) Brasil. Eu achei o Capelle, outros jogadores, e foi assim.

Hämmerle: Eu patino desde os 10 anos no gelo, eu sou do Rio de Janeiro e tinha uma quadrinha de gelo perto da minha casa, então eu aprendi a patinar lá com 10 anos e nunca parei. Eu decidi jogar hockey e comecei a jogar no gol em 2012. (O Allen) que me ensinou a jogar no gol. Quando eu comecei a jogar hockey ele tava morando no Rio, ele tem família lá, e ele que me ensinou a jogar. Então 2015, eu só jogava no gol há três anos, foi muito em cima da hora. 

Graciano: Eu fazia parte da seleção júnior de inline, não a sênior, e na de gelo eu sempre joguei os campeonatos que tinha no Brasil, com o Capelle, mas na época eu estava morando no Estados Unidos, jogando em uma universidade. Eu lembro que eu voltei para o Brasil e o Capelle me chamou. Acabei conhecendo o Jens mesmo no México, mas 99% da equipe eu conhecia do Brasil já.

Tonietto: Para mim foi bem diferente isso tudo porque eu sou gaúcho e moro nos Estados Unidos há algum tempo já, então ninguém tinha ouvido falar de mim. Eu vi o Brasil de 2014, que eles colocaram no YouTube e entrei em contato com o Capelle. A gente já tinha dois goleiros, o Allen e o Daniel, e o Capelle disse ‘olha, não deu pra te colocar no time, ninguém te conhece, ninguém nunca ouviu falar de ti, eu entendo que tu mora nos Estados Unidos, tu joga hockey no gelo todo dia, mas mesmo assim não tem como chamar alguém que não conhece.’ Então eu disse, ‘olha, Capelle, deixa eu ir pra treinar com vocês.’ Foi legal porque eu conheci todo o pessoal lá e, ainda mais que ninguém tinha ouvido falar de mim, todo mundo me recebeu super bem.

Gomes: 2015 acho que a gente chegou quatro, cinco dias antes, se não me engano. A gente ficou concentrado na Vila Olímpica deles, que ficava do lado do rinque de gelo.

Tonietto: Eu acabei indo para um outro lugar, peguei um táxi, o táxi me largou lá, eu estava sem telefone, com todos os meus equipamentos, no meio do nada, no México. Aí eu meio que arranhando o espanhol falei com uma pessoa e ela falou ‘não, não, tem que ir lá num outro lugar, eu te dou uma carona.’ Eu entrei no carro de uma estranha, e ela me largou onde era pra ser, na Vila Olímpica.

Gustavo Tecchio, defensor: Esse espaço que eles cederam para a gente, se não me engano, foi das Olimpíadas que teve no México mesmo. Eles ficaram com o legado das Olimpíadas e eles utilizam para todos os atletas olímpicos deles, tanto que tinha muita gente boa lá de wrestling, judô, que estava tendo campeonato, ginástica artística, o pessoal do vôlei também acho que estavam treinando lá. Então a gente chegou lá e sentiu que a gente foi muito bem tratado e isso acho que pesa positivamente, a gente sempre junto, comendo junto, comida boa, horário pra sair, horário pra voltar, horário ‘pra dormir’.

Julio Baptista, atacante: Nível PANAM mesmo.

Hinderlie: Eu cheguei no aeroporto, conheci o goleiro, Allen Ruane, e alguns dos outros caras, nós pegamos o ônibus para o rinque, fomos direto para o gelo, o Capelle estava lá e já tinha marcado algumas horas de gelo para a gente naquela noite. Não tivemos tanto tempo para nos preparar. A gente tinha literalmente, a princípio, talvez três ou quatro horas de gelo.

Tecchio: E por isso que a gente saiu correndo, acho que a gente treinava de manhã, já se organizava para treinar depois do almoço, já se organizava para treinar no final do dia para estar no gelo o máximo que pudesse e quando chegasse o primeiro jogo, a gente tivesse o mínimo preparo.

Os treinos no México

Degani: Eu lembro que a gente ficava fazendo correria pra treinar em um monte de lugar.

Gomes: É, a gente foi para o shopping, a gente foi para uns quatro, cinco rinques diferentes para treinar. Foi uma semana louca. Todo mundo com vários mundiais de roller nas costas, vários campeonatos mundiais, sul-americanos, com muita experiência no roller hockey e de repente, do nada, a gente estava dentro do gelo. Vários já jogavam, patinavam no gelo, mas nunca competiram em alto nível, e foi legal essa experiência, foi engraçado.

Hinderlie: Assim que a gente percebeu que precisava de mais tempo de gelo, acabamos comprando um monte de horas em lugares diferentes, em vários horários do dia, então a gente precisava percorrer a cidade para chegar nesses outros rinques e usar um ônibus que a Federação Mexicana forneceu.

Custódio: Opa, um micro-ônibus. Vinte caras ‘monstros’ mais as malas ‘monstras’, um em cima do outro, chegava no shopping lá do ‘centrão’ que ninguém acreditava que teria uma pista no terceiro piso, e de repente surge aquela pista gigante.

Tonietto: Era desconfortável ir pro rinque e voltar, mas quando a gente estava no rinque ou quando a gente estava na Vila Olímpica era ótimo. A gente dividia o quarto com quatro pessoas, então a gente estava assistindo às finais da NHL, foi o ano que Tampa perdeu pra Chicago. Eu, que sou torcedor fanático do Tampa, não gostei muito… (risos) A gente assistia hockey, a gente se reunia no restaurante, o Jens conversava com a gente. Quando a gente estava na Vila Olímpica também tinha bastante palestra, a gente fez muito estudo de vídeo, às vezes tinha tempo de ir para a academia, fazer um alongamento, fazer um suporte muscular.

Graciano: Acho que 50% entendia mesmo o que (o Jens) queria fazer, os outros 50% não entendiam nada e dependiam de algum atleta tentar explicar.

Hinderlie: E eu não falava nada de português, o Bruno foi meio que o tradutor para espanhol e português, e um pouco de inglês, então era sempre engraçado porque eu pensava às vezes ‘Estou falando em inglês e muitos deles provavelmente não têm ideia do que eu estou dizendo.’ Foi um tipo de, não sei, sexto sentido ou algo assim que os jogadores conseguiam absorver a magnitude do momento e colocar em prática, talvez nem sabendo se o que eu falava fazia algum sentido para eles. Mas a gente tinha que acordar acho que 4h da manhã para chegar no rinque às 5h30 ou 6h e ninguém estava muito animado com isso. Eles já tinham treinado algumas vezes, eu sei que alguns estavam cansados, com dor, mas da minha perspectiva era só ‘a gente tem que estar no gelo o máximo possível!’ Eu lembro que eu acordei, desci as escadas e eles estavam dormindo nas cadeiras, o Fifo e o Degani, e eu perguntei ‘Vocês estão prontos?’ Eles falaram ‘Não!’ (risos)

Graciano: Os treinos foram bem rigorosos, né? Porque a maioria não sabia patinar direito no gelo, então foi focado mais na patinação do que qualquer outra coisa. Acho que eram duas vezes por dia, duas horas, e acho que o Jens tentou fazer a gente treinar o quanto mais possível, todo dia. Quando acabava os treinos ele tentava achar mais hora para colocar, para tentar meio que correr atrás do prejuízo. Ninguém conseguia patinar, frear, e as regras eram diferentes do inline também, tinha checking, hitting

Hinderlie: A gente se adaptou e conseguiu incorporar muitas das habilidades e conhecimento do jogo que eu sabia que eram só o básico do hockey. É um jogo completamente diferente do inline.

Vannuchi: Numa quadra oficial grande, a velocidade do jogo é outra, muda totalmente a sensibilidade do patins, então foi muito difícil, foi muito complicado.

Atletas da seleção brasileira reunidos em um dos treinos na Cidade do México (Foto: CBDG)

Hinderlie: Nós treinávamos tiros, antes de tudo a gente precisava parar e girar e aprender como se levantar e cair no gelo. Porque essa é a chave para qualquer iniciante, você tem que aprender a cair porque você tem que aprender como se levantar de uma queda. E o gelo é completamente diferente de estar sobre rodas e sobre patins inline, então frear era muito difícil e levou um tempo para os rapazes entenderem. É claro, você não aprende esse jogo do dia para a noite. Mas quando eles entenderam, acho que assim que voltamos do primeiro jogo, contra o México ‘B’, foi aí que a gente começou a perceber que seríamos um bom time e que a gente poderia jogar esse esporte.

Degani: A gente fazia muita coisa. A gente tinha muito jogo, o conjunto era muito legal, muito bom, mas a gente ainda estava jogando um esporte que era diferente do hockey no gelo. A gente tava jogando o inline sobre o gelo. 

Tonietto: Eles tinham o chute, tinham os dangles do pessoal de alto nível, mas não sabiam patinar, não conheciam as regras e como era a cultura do hockey no gelo. E por mais que o meu nível não tava muito alto naquela época, eu conseguia perceber essa diferença do hockey aqui nos Estados Unidos e o hockey que o Brasil tava tentando jogar.

Hinderlie: É uma questão de criar a estrutura para que eles entendessem o básico do gelo, onde estar, o que fazer… e uma vez que eles tinham compreendido, eles podiam desafiar qualquer um que estivesse no nosso nível. Parecia, para mim, que havia mais times com mais coesão, que já tinham jogado no gelo, ou era mais fácil para alguns jogadores (ter acesso ao gelo), e talvez essa seja só a minha impressão, mas, no final, é difícil para um time se estruturar ao longo de seis, sete dias. É um processo, leva tempo para melhorar e construir um time.

Gomes: Quase todos os times tinham jogadores ‘estrangeiros’. A Colômbia, por exemplo, tinha quase todo um time que morava nos Estados Unidos, todos ‘quase gringos’, a Argentina tinha vários também que jogavam fora.

Baptista: Acho que fora o Allen, a gente não tinha nenhuma pessoa de fora.

Tecchio: Mas, como a gente já tinha feito dois amistosos, a gente realmente sentiu que eram equipes muito boas no gelo, tanto Colômbia quanto México ‘B’, que viviam no gelo e tinham condições de estar ali toda semana, e a Colômbia com melhores acessos, acessibilidade que tinha pelas quadras. Percebemos que realmente seria um torneio bem forte pra gente. Contra o México ‘A’ a gente sabia que era dois, três passos que a gente deveria galgar aí no futuro, ainda estamos galgando, não chegamos lá ainda.

Hinderlie: Muito do pessoal jogava defesa no inline, que é um papel mais ofensivo, então entender que o defensor no ice hockey tem que usar bem a visão com o puck, fazer passes. Jogadores como o Zé (José Alexandre Guilardi), Fifo, (Gustavo) Tecchio, (Daniel) Vannuchi, (Marcelo) Campos, todos eles realmente chegaram lá. Eles foram, assim como o Allen, no gol, a grande força do nosso time, foi a nossa defesa e o goleiro. E nós meio que partimos daí, tínhamos o Yan (Graciano), acho que com 19 anos na época, ele era muito jovem e teve shifts muito bons. O (Henrique) Degani foi um jogador bem versátil, marcou alguns gols importantes, o Julio Baptista também estava lá, e ele realmente dava duro em todos os momentos. Como treinador, você só quer que os jogadores saibam que eles têm um potencial maior para atingir e ainda assim, mesmo hoje, eu acho que tem muito potencial com o Brazil Ice Hockey. Então é ajudá-los a entender e ao mesmo tempo falar para eles que é preciso dar 110% em cada shift.

Durante o torneio

Degani: A gente devia ter colocado o Pedro de segundo goleiro e o Daniel na linha. 

Hämmerle: (risos) O pessoal brinca porque, como eu comecei patinando no gelo, eu tenho uma patinação legal, minha patinação é razoável, e eu cheguei a jogar na linha muito tempo atrás.

Hinderlie: Você tem um torneio de uma semana, passa muito rápido, e é realmente o único tempo de gelo para eles no ano. Mas todas as peças se juntaram e eles trabalharam muito e mereceram o que conquistaram.

Tonietto: Foi uma experiência para todo mundo, para tentar conhecer o jeito brasileiro de jogar hockey, porque foi realmente a primeira seleção brasileira de hockey no gelo, e cada time tem uma maneira de jogar. Aos poucos a gente foi entendendo a nossa, o que dava certo, o que não dava, mas foi jogo após jogo. Foi uma experiência muito bacana ver o time evoluir daquela maneira.

Degani: Eu lembro que a gente fazia muita falta. O campeonato inteiro a gente fazia muita falta. Acho que a gente fez umas três ou quatro de too many men.

Graciano: (O Allen) foi o que mais passou nervoso jogando.

Ruane: Todo mundo estava feliz porque estava jogando hockey no gelo, eu joguei num nível muito alto aqui e não gosto de perder um jogo. Quando eu perco um jogo eu fico bravo. (risos) Acho que é uma coisa que o pessoal reclama, que eu não tô feliz igual todo mundo. Mas eu não gosto de perder, e todo mundo estava feliz, (ganhando ou perdendo) parece o mesmo não muda muito.

Custódio: Como foi, no meu caso e de muitos, um primeiro momento no gelo competindo de verdade, era a realização de um sonho de criança. Era o sonho em 2015, estar ali no gelo competindo de verdade, e o hockey surge do gelo pra gente, então foi muito legal.

Graciano: Acho que foi a primeira vez para a maioria do time que teve um treinador mesmo, que estava de terno, dando dica sobre tudo, falando o que tinha que fazer, situações de jogo, então acho que a maioria da galera não estava acostumada com isso. 

Vannuchi: Foi uma sensação de ser profissional, né? De você estar num alojamento, você tem refeitório, tem toda a estrutura disposta pra você, tinha o Jens de técnico.

Hinderlie: O rinque em si, o Ice Dome, tinha alguns problemas com névoa, então a gente precisava lidar com aquilo, precisava parar o jogo de vez em quando e patinar dando voltas. Mas era um rinque bom, uma estrutura legal. Em qualquer evento esportivo internacional você tem as pessoas torcendo com suas bandeiras, então foi muito legal para esses times ‘B’ mais jovens, porque eles são adolescentes, mas jogam hockey o tempo todo, e para eles competir contra uma equipe nacional como o Brasil eu sei que foi algo importante para aquelas crianças e também para os pais. Era uma atmosfera festiva, para dizer o mínimo.

Tonietto: Tinha uma seleção (brasileira) feminina aquele ano, mas elas não estavam com a CBDG. Então tinha uma certa diferença ali, mas claro, brasileiro é brasileiro e vai torcer para brasileiro, e não foi muita gente, mas tinha uma torcida brasileira legal, a gente gritava, a gente fazia festa. Era muito legal assistir aos jogos do México, os jogos contra o México, porque lotava a arquibancada.

Hämmerle: Lembro que a mãe do Yan e do Leandro (Graciano) estava lá, gritando para caramba. O pessoal da Argentina estava lá, eles levaram time ‘A’, ‘B’ e feminino, então ficava a maior galera lá e a (mãe deles) do lado. (risos)

Hinderlie: A gente teve lideranças fortes, como o Bruno Gomes, eu realmente me apoiei nele bastante naquele primeiro ano porque ele era um jogador mais velho, veterano, que conhecia praticamente todo mundo. Ele mora na Argentina então ele não é um paulista, ele não é um carioca, ele podia meio que fazer essa ponte um pouco.

Hämmerle: Eu lembro muito dos papos do Bruno, das conversas dele, do jeito que ele vinha falar e deixar todo mundo animado antes do jogo. Isso é um papel que ele faz muito bem que eu gosto muito na verdade.

O torneio teve início numa quarta-feira, dia 3 de junho. No segundo jogo do dia, o Brasil fez sua estreia contra o México Sub-17 e venceu por 5-2. Esta foi a primeira vitória na história da competição para a seleção brasileira.

Hinderlie: A gente estava perdendo por 2-0 no começo. Eu acho que tivemos um power play e o puck foi por trás do nosso defensor e eles literalmente tiveram um 2-contra-0 e marcaram o segundo gol. No entanto, conforme a gente se esforçava e batalhava em cada shift, começamos a criar algumas chances, tivemos alguns power plays e marcamos cinco gols sem resposta.

Tonietto: Foi um jogo difícil, aquele time do México era bem novo, eles tinha bastante força, bastante patinação, mas eles não tinham a experiência que os nossos jogadores tinham. 

Custódio: A gente tinha uma bagagem já, não eram atletas partindo do zero numa competição. Por um lado ajudou, por outro às vezes atrapalhava, era uma brecada de inline, um giro de inline, enfim… Eu lembro de estar na quadra com um nível de concentração para tudo muito alto e mesmo assim tinha momentos em que a gente acabava fazendo o que era natural para a gente no inline.

Vannuchi: Essa experiência deu uma equilibrada no jogo e fez total diferença. Eu lembro que a gente jogava com muita calma, dava pra ver que a gente, tecnicamente, estava sofrendo para ficar em cima do patins, mas o conjunto era muito bom.

Baptista: Não sei se vocês já pegaram para rever os jogos desse ano, mas nitidamente dá pra ver que é um time de pessoas que não são familiarizadas com o gelo, é uma coisa não tão bonita de se ver, e de repente sai uma jogada de um time bom de hockey. Então acho que a galera estranhou um pouco isso também e foi o que fez a gente vencer, chegar ao gol jogando hockey de uma forma ou de outra; no gelo, mas trazendo coisas do inline. Acho que um outro ponto que diferencia bastante dos outros campeonatos é que como era, para a maioria, a primeira vez de todo mundo ali, todo mundo conseguiu limpar a cabeça e absorver cada coisinha nova que o Jens trazia do gelo. Lembro da gente passar noites vendo e revendo, com planilha, com TV, o que a gente poderia ter feito. Acho que todo mundo limpou literalmente a cabeça e começou a receber e aplicar aquilo.

Tecchio: Mas esse jogo ele chegou pra gente e falou assim ‘Vocês precisam trocar a chavinha, vocês não estão jogando inline. Aqui é gelo. Tratem de abrir a caixa de ferramentas.’

Custódio: E aí você abriu o supercílio. (risos)

Tecchio: (risos) Abriu tudo, né? A gente começou a entender que o checking fazia parte… Ele veio com essa pressão ‘Vocês não estão jogando inline, o contato faz parte.’ A única vantagem que a gente tinha era essa, de ser atletas um pouco mais velhos, com certeza mais velhos, e talvez mais fortes. A gente era mais forte e, claro, a partir do momento que entendeu que podia fazer esse contato a gente acabou ganhando o jogo.

Graciano: A gente segurou mais no físico, porque era uma molecada mesmo do México. Acho que não passavam de 1,75m, eram um monte de criança jogando contra um monte de marmanjo. 

Hinderlie: Foi nesse momento que eles entenderam. Levou um período e meio praticamente, mas do segundo até o terceiro período nós dominamos, ficamos em cima deles, e marcamos alguns gols definitivos no power play. Acho que foi nossa linha veterana, Bruno, Johnny (João Henrique Vasconcelos) e Lu (Luis Fernando de Almeida), que mais marcou para a gente.

José Alexandre Guilardi, defensor: Eu acho que esse jogo com o México deu principalmente para a gente a condição de seguir, de participar de fato da competição, porque se a gente tivesse ido mal já nesse primeiro jogo, acho que ia comprometer muito qualquer possibilidade de crescer dentro do campeonato. O fato da gente ter vencido, ter ganho energia e ter surpreendido deu para a gente uma sobrevida e levou a gente até o caminho da medalha, e também nos trouxe muita confiança no Jens. Quando o Jens foi pro vestiário e desceu a lenha na gente e mandou a gente parar de jogar que nem criança e começar a ser jogador de hockey de fato, a gente começou a acreditar no treinador e a coisa funcionou, para o restante da competição também. Acho que isso foi muito interessante desse jogo em específico. E muitas das coisas que o Jens testou durante os treinos e das quais ele tinha só a visão técnica ‘Esse aqui não patina bem, esse aqui não passa bem,’ porque tem as deficiências e tal. Chegou na hora de jogar de fato, a grande maioria, que já tinha muita experiência em quadra e muita noção, conseguiu se sobressair e colocar um jogo de hockey melhor dentro de quadra mesmo sem ter a técnica ideal. Então também mudou aos olhos do Jens, do treinador, a condição dos atletas. Teve até uma reviravolta em termos de linhas e duplas e parceiros logo após esse jogo. Ele conseguiu ver diferente o grupo depois desse jogo, então acho que foi muito importante essa primeira partida para a gente em diversos aspectos. Na verdade, acho que aí foi o grande ponto da medalha. Foi aí nesse jogo que a gente pegou um pedacinho dela já.

Hinderlie: Depois do jogo foi incrível para mim. Eu estava literalmente vivendo em um país estrangeiro há menos de 60 dias e estava ensinando hockey, um esporte que eu cresci jogando em Minnesota, e eu estava no México, treinando esse time, e ver eles cantarem o hino nacional para seu país foi muito emocionante. Até hoje quando eu assisto ainda fico um pouco emocionado, porque foi um momento muito especial. Foi a primeira vitória deles de todas e foi ótimo para eles entenderem que não só eles podiam mudar a história, mas era o começo de tudo relacionado ao hockey naquele jogo, eu acredito. E eu sei que o Capelle ficou muito orgulhoso dos meninos, e todo o esforço que ele havia colocado até então também. Foi um momento muito, muito legal e nós usamos aquilo para vencer mais alguns jogos.

Treinador Jens Hinderlie e jogadores do Brasil no vestiário (cena do documentário ‘Sonhos de Gelo‘/LoonarCity: Jack Davis)

Na manhã seguinte, o Brasil manteve a invencibilidade na competição ao golear a Argentina ‘B’ por 7-0.

Tecchio: Clássico dos clássicos, né? Eles já tinham jogado contra o Brasil em 2014, se não me engano, tinham ganho do Brasil, e talvez não imaginavam que ia acontecer o resultado da forma que aconteceu. 

Graciano: Desse jogo eu não lembro bem. Eu lembro que deu confusão, no que deu não sei. (risos) Brasil e Argentina sempre dá alguma confusão.

Hinderlie: Uma coisa que eu percebi logo com esses jogadores foi o fato de que era difícil para eles entender o que era um forecheck. Porque no inline você só está esperando o time voltar e vir até você, e você defende. Ter um forecheck agressivo é algo que a gente ainda tem dificuldade, mas aquele jogo em particular, eu lembro que, porque a gente tinha jogadores grandes, uma vez que eles aprenderam como dar hits e usar o corpo no gelo, isso desgasta o defensor e nós conseguimos ter muitas chances boas, colocar o puck na rede e marcar sete gols. Foi um momento em que eu vi o time começar a se ver como jogadores de ice hockey. Isso foi o que eu falei a semana inteira, o que significava ser um jogador de hockey. Muitos deles estavam lidando com lesões, porque eles nunca tinham recebido checks e isso definitivamente pesa no seu corpo, mas a gente foi o time dominante naquele jogo e conseguiu de fato usar nosso tamanho em nosso favor.

Vannuchi: Foi bem legal esse jogo contra a Argentina porque a gente conseguiu se soltar um pouco mais. Foi um resultado bem importante para construir a confiança da equipe.

Hämmerle: A gente pegou logo o México ‘B’ e depois a Argentina ‘B’, então deu para a gente começar um pouco mais devagar, e devagar que eu digo é pegar uns times mais fáceis no início para poder acostumar com o gelo. 

Hinderlie: É um jogo bem simples uma vez que você bloqueia qualquer bobagem que às vezes entra na nossa cabeça quando você tenta fazer demais. Eles conseguiram se manter centrados e jogaram muito bem.

Tonietto: Jogar contra a Argentina é sempre interessante, porque é a rivalidade. Acho que isso existe em todo esporte, no hockey não é diferente. Por mais que a gente seja dois times que estão tentando crescer, tentando achar maneiras de jogar hockey, principalmente em 2015, a gente meio que se ajuda fora do gelo, a gente ainda é meio amigo, mas quando chega na hora do jogo, é jogo. Foi um jogo bom, mas foi um jogo mais fácil, porque o time ‘A’ e o time ‘B’ da Argentina tinham uma grande diferença de nível, então foi mais um ‘jogo de descanso’ entre todos os que a gente tinha. Ainda assim, serviu muito para ver como o time faz gol, quais jogadas dão certo, quais não dão certo, mudar linha, coisas assim que a gente precisa ter essa experiência, jogar contra um time mais fácil, para poder ajeitar as pequenas coisas e poder pegar depois os times mais complicados. Caiu na hora certa, no calendário, o segundo jogo ser contra a Argentina, a gente ganhou dois jogos seguidos e isso levantou a moral do time.

Tecchio: Nesse jogo também, tecnicamente a gente já conseguiu se soltar e viu que era bem mais superior talvez em nível de jogo. Ainda tínhamos nossas deficiências de fundamentos, de patinação e algumas coisas, mas ainda assim a gente conseguiu jogar. Até porque ganhamos de 7 a 0 e acho que podia ter sido até mais. Saímos bem contentes dessa partida.

Hinderlie: Essa foi a minha primeira experiência com (a rivalidade Brasil-Argentina), com certeza, e nos anos seguintes ela se mostrou um pouco mais. Mas foi legal vencê-los e, ironicamente, minha primeira experiência na América do Sul foi na Argentina, numa missão, quando eu tinha 19 anos. Quando eu cheguei lá eles me falavam ‘Boca ou River Plate’, era meio que a moda, e eu sempre tive meio que um amor pela Argentina por causa disso. Aí eu casei com uma brasileira e morei no Brasil e comecei a entender mais a cultura brasileira. Ambos são países ótimos, pessoas ótimas, é claro, mas a rivalidade é bem intensa e foi divertido testemunhar os jogadores se enfrentando e usando dessa rivalidade para jogar no gelo.

Na noite de sexta-feira, 5 de junho, a seleção brasileira sofreu a primeira derrota do torneio para a Colômbia, por 3-0.

Guilardi: A gente tinha empatado com eles num amistoso. Foi 3 a 3.

Gomes: Se não me engano, o amistoso teve que ser parado no meio porque quase terminou em briga. 

Hinderlie: Eles estavam tentando se matar. Eles iam para cima dos nossos caras, nós íamos para cima dos caras deles, chegou num ponto em que o técnico da Colômbia e eu só falamos ‘Beleza, a gente precisa parar esse jogo porque vai sair do controle.’

Tecchio: Com certeza contra a Colômbia a nossa expectativa vinha alta. Como a gente tinha ganho esses dois jogos, empatado com eles (no amistoso), falou ‘Bom, vai ser elas com elas, vamos entrar junto com eles.’ Só que daí a gente sentiu que fisicamente o negócio apertou. Contra os meninos do México não tinha muita pressão, Argentina praticamente zero também. Mas contra eles não, contra eles virou aquele jogo de hockey que realmente talvez a gente nunca tivesse tido. Chegava o puck e já tinha um cara em cima de você, então você já tomava um check. Se você estava patinando sem olhar, ‘boom’… Então você não tinha tempo, era um jogo muito rápido, era realmente o que é o hockey no gelo.

Degani: E estava longe, né? Você tinha que receber o passe e ainda estava longe pra caramba do gol.

Tecchio: Ou quando chegava, você estava sozinho, só você e três colombianos chegando já. E eu acho que nesse jogo começou a pesar as pernas de todo mundo. Fisicamente, a gente já estava bem esgotado pela questão de carga horário de treinos, dos amistosos e dos jogos que vinham acontecendo.

Gomes: A gente chegava no banco e pegava no peitoral e tentava abrir e buscar ar porque ninguém conseguia respirar. 

Guilardi: Quem estava na defesa percebia que o cansaço estava aumentando na frente e sem recuperação, e nesse jogo da Colômbia a gente sentiu muito. A gente limpou muita sujeira lá atrás. Não tinha muita condição de criar nada porque a gente estava sendo muito pressionado na defesa, então quando a gente pegava o puck, já estava tomando pancada, já estava sem condição de criar. E acho, na minha opinião, que a gente deu uma subidinha na cabeça achando ‘Não, a gente é bom, a gente ganhou aqui, ganhamos aqui, empatou com eles…’

Hämmerle: Mas eles não tinham o jogador principal deles (no amistoso), o capitão, Daniel Echeverri, que era, que é o melhor jogador dos caras.

Guilardi: Um jogador que é um diferencial e chegou na hora de jogar para valer com a gente e ‘apertaram o play’ do rapaz e ele fez valer a condição dele.

Vannuchi: Todos os anos que a Colômbia está com ele, ele leva o time nas costas, ele performa os resultados, então ele é o playmaker da coisa toda e ele realmente fazia diferença.

Tonietto: Esse jogo, na minha opinião, foi o melhor jogo que o Brasil jogou naquele ano, com exceção da medalha de bronze. A gente pegou um time da Colômbia pronto, tinha o número 10 que simplesmente estava destruindo, acho que ele foi, deve ter sido o principal jogador do torneio. E a gente só levou três gols deles. A defesa muito boa, o Allen, nosso goleiro, jogou muito bem, e a gente conseguiu segurar a Colômbia por um bom tempo. 

Capelle: Esse jogador realmente fazia a diferença, eu não estou com a súmula aqui, mas, se não me engano, tenho certeza que ele fez os três gols.

Graciano: Eu lembro que a gente só não perdeu por mais porque o nosso goleiro segurou. Acho que era o nosso melhor jogador, ele conseguiu segurar bastante nesse jogo. Esse jogo foi a gente só defendendo, defendendo e indo no contra-ataque.

Hinderlie: Mas naquele jogo nós tivemos chances, tivemos um 5-contra-3 no começo, acho que estávamos perdendo por 2-0 e não conseguimos marcar. E o Daniel Echeverri, número 10 da Colômbia, basicamente tomou controle do jogo e marcou o terceiro no Allen. Nós jogamos forte e eu estava bem orgulhoso dos rapazes e do nosso esforço, mas a gente não conseguia achar um gol, e às vezes isso acontece. Mas no final, a Colômbia acabou vencendo o torneio, então foi um bom feito jogar com um time daquele calibre e que acabou ganhando e derrotando (o México) que, na minha opinião, no quesito habilidade, era o melhor. Nós tivemos oportunidades e não conseguimos convertê-las, porque a gente desafiou bastante a Colômbia. Echeverri tinha bastante o puck e controlava grande parte do jogo, mas quando a gente teve chances e segurou o forecheck, (o goleiro) estava lá para fazer a defesa.

Tonietto: Uma vitória seria muito melhor, mas ainda assim, vindo de duas vitórias, depois segurar a Colômbia no 3 a 0, nossa moral ainda estava muito boa depois do jogo, e o time batalhou muito.

Ruane: Sim, foi bom, mas nossa equipe não fez gol. É difícil ganhar sem gol. Eu não posso fazer gol, é muito difícil. (risos) Mas eu não gosto de perder jogos assim.

Tecchio: Mas a minha visão após o jogo contra a Colômbia, claro a gente perdeu, mas a gente saiu de quadra sabendo que tinha feito um bom jogo, talvez algumas coisas não tinham se ajustado e perdemos… e acho que a gente foi com a mesma confiança contra o México, só que daí o tombo foi um pouquinho maior.

O quarto jogo do Brasil foi contra a seleção principal do México, quase um dia inteiro depois da partida contra a Colômbia. Os brasileiros saíram na frente no placar, mas o time da casa respondeu com força e venceu por 11-1.

Hinderlie: De novo, esse foi um jogo com névoa. O desumidificador não estava funcionando direito o tempo todo e tinha bastante névoa na arena, o gelo estava mais macio do que o devido… mas nós usamos a névoa no começo e marcamos um gol logo na saída de um faceoff, eu acredito, na zona deles.

Custódio: Foi o Degani, na ‘fumaça’.

Graciano: Eu ganhei o faceoff para o Henrique Degani e ele fez o gol.

Hämmerle: Ele falou que chutou e nem conseguia ver o gol direito, de tão embaçado que estava. Eu não sei se foi algum problema de isolamento lá, ficou um nevoeiro absurdo na quadra. A gente falava ‘ó, todo mundo patina em círculos aí para ajudar o negócio a sair’ e aí ficou todo mundo patinando em círculos, e a gente teve que parar para fazer isso umas três, quatro vezes durante o jogo. Foi engraçado, sabe? Todo mundo já super cansado e ainda tinha que ficar patinando em volta. Era bom ao mesmo tempo porque dava uma descansadinha no jogo, mas não ajudou a gente muito, porque os caras descansaram também.

Faceoff entre Brasil e México ‘A’ em meio à névoa (Foto cortesia de Alexandre Capelle)

Hinderlie: O Degani marcou e eles marcaram onze gols depois. Quer dizer, a gente não está no mesmo nível. Eles são 30º no mundo, eu acho. Não tenho certeza hoje, mas na época eles eram.

Baptista: Foi o melhor time do México, na minha opinião, de todos os anos.

Tonietto: A moral estava boa e tudo mais, mas o time do México não era brincadeira. Eles tinham, não lembro se naquele ano ou no seguinte, mas eles tinham ganho um mundial Divisão II ou III, se não me engano. Sei que eles ganharam uns mundiais da IIHF mais ou menos com aquele time que a gente jogou. Era um nível muito acima da gente, o time inteiro treina junto o ano inteiro, todo mundo lá no México, então é bem difícil competir com um time desses quando a maioria dos nossos jogadores estavam aprendendo a patinar no gelo. Mas serviu meio que pra gente acordar e ver que o Brasil ainda tem muito para avançar e que a gente era praticamente o primeiro time que o Brasil teve de hockey no gelo.

Gomes: Se eu não me engano, acho que (o Jens) trocou (de goleiro) quando tomou o terceiro gol seguido. Já no primeiro tempo tomou três gols seguidos e ele tirou, e ele não voltou mais com o Allen.

Tecchio: Três chutes três gols, foi algo assim. A questão da névoa dentro do ginásio às vezes, parecia engraçado para quem estava fora, mas para nós às vezes até ficava meio perigoso, você não via de onde o cara vinha.

Hämmerle: Atrapalha demais, né? Você não consegue ver direito, o puck já vem super rápido pra você ver. Se a iluminação não tá muito boa já atrapalha muito, imagina quando tá foggy.

Tonietto: Eu lembro que o Brasil começou bem no início do primeiro período, mas não tem como, hockey é um jogo pegado, quando começam a jogar o corpo em cima da gente e tudo mais, e pegar a patinação, é bem difícil de correr atrás do jogo. E o México jogou muito bem, também teve isso. É natural também (ter muitas faltas), a pressão começa a subir e a gente estava jogando tão bem, veio de vários jogos que foram muito bons, para depois pegar um time que estava preparado e a gente não conseguiu se aguentar. Então um penalty atrás do outro contra um time que sabe jogar, que sabe patinar, tem um power play muito bem preparado, realmente não ajudou. Não foi que nem o jogo contra a Colômbia que a gente ficou responsável o jogo todo e conseguiu segurar por mais tempo.

Vannuchi: Era basicamente se defender. Eles eram muito fortes, muito consolidados, e esse jogador (Bruno Arroyo), o capitão do México, realmente era um diferencial, ele chamava a responsa. Foi um jogo de muito contato, eu lembro que foi um jogo muito violento

Gomes: Contra o México ‘A’ foi 40 faltas, alguma coisa assim.

Hinderlie: A gente se colocou na penalty kill demais. Provavelmente tivemos o maios número de penalties no torneio, e isso vai acontecer quando você tem jogadores que não sabem dar hit. E sinceramente, a arbitragem no México não era sempre o que talvez devesse ter sido…

Degani: Eu lembro que eles provocavam bastante também.

Tecchio: Eles sabiam que tinham o respaldo da arbitragem.

Gomes: A arbitragem foi ridícula. A gente já jogou campeonato sul-americano e tudo, mas no México foi tanto que a gente decidiu na última vez nunca mais ir também.

Tecchio: Contra o México eu acho que a gente pegou adultos, da nossa idade, caras mais fortes, e aí o negócio pegou mesmo. Foi um jogo de muito contato físico, tanto que isso se prorrogou para 2016 e 2017. A gente teve bons entreveros com eles, mesmo não tendo a mesma qualidade técnica. Mas fisicamente a gente sabia que não ia perder pra eles.

Degani: Eu lembro que uma hora o cara do México foi passar atrás do gol e eu falei ‘Nossa, vou arrebentar esse cara agora.’ Aí ele fez tipo o Sub-Zero, ele fez ‘vup, vup’ e eu não vi nada, só vi borda. Eu não sei pra onde ele foi, até agora estou procurando o cara. (risos)

O jogo da medalha

Diferentemente de outras edições do torneio, em 2015 a competição não contou com uma fase final, e foi definida em turno único. O quinto e último jogo do Brasil foi contra o time ‘A’ da Argentina, uma vitória por 6-1. A equipe brasileira terminou sua participação com nove pontos, ficando em terceiro lugar na classificação geral e conquistando, assim, a medalha de bronze.

Gomes: Essa foi boa, porque eu moro na Argentina e conheço o pessoal. Eles tinham certeza que iam ganhar da gente. Eles tinham certeza. Eu lembro muito bem disso, eles tinham uns gringos que jogavam para eles, muitos jogadores de gelo também, patinavam super bem, mas eles não tinham um time tão bom de jogadores de hockey, ou pelo menos do mesmo nível, e isso fez muita diferença. E a gente jogou muito forte. O quanto a gente derrubou eles no meio do gelo foi impressionante. E o Allen também, nesse jogo ele fechou o gol. Os caras chutavam e até desanimavam de chutar.

Capelle: Eles estavam crentes que iam ganhar, mas esse grupo era muito bom, a gente escolheu no dedo lá em Minas os jogadores, e todos com muita experiência.

Tecchio: Eu lembro que dentro do vestiário já a gente falou ‘Bom, a gente vai para um Brasil e Argentina, acho que é isso que talvez a gente mais espera dentro de um hockey sul-americano. Jogando no gelo ainda contra esses caras, vamos para destruir. Último jogo do campeonato, vamos fazer o que a gente tem que fazer lá.’ E as coisas saíram bem bacanas, acho que foram bons gols ainda.

Tonietto: Pelo que eu percebi, o clima era só ir e dar o nosso melhor, competir. Eu nao lembro como estava a classificação, não lembro se a vitória dava a medalha, mas eu lembro que a nossa mentalidade era ir e jogar o nosso melhor jogo, que é o que a gente pode fazer.

Capelle: Acho que a gente precisava ganhar senão o México ‘B’, pelo saldo de gols, ficaria em terceiro. 

Gomes: Deu tudo que no último jogo era Colômbia e México e a gente sabia que era decisivo contra a Argentina, estava definido já.

Graciano: Deu mais briga com a Argentina ‘A’ do que com o ‘B’, o ‘B’ dava só umas discussões, agora com a ‘A’ deu bastante. É sempre legal ganhar (contra a Argentina), principalmente num torneio em que está todo mundo no mesmo barco, tirando o México. Mas jogar contra a Argentina é sempre legal a rivalidade.

Ruane: Acho que é da cultura do brasileiro, tem que ganhar contra a Argentina, todo ano é assim. (risos)

Tonietto: Ganhar da Argentina é ótimo, ganhar do time ‘A’ da Argentina está ficando cada vez mais difícil, todo ano é mais difícil.

Hinderlie: Esse foi um jogo muito bom. Eu tenho quase certeza de que a gente tinha levado em consideração os pontos e sabia que se ganhasse a gente levaria o bronze. Foi similar ao primeiro jogo, contra o México ‘B’, foi surreal, os caras realmente apareceram e continuaram jogando forte durante todo o torneio. Tirando contra o México ‘A’, a gente estava em toda partida e jogamos o nosso jogo. Nesse jogo eu acho que coloquei o Lu, o Degani e o Yan juntos e eles foram super bem. E o Johnny foi uma força consistente com o Bruno o torneio inteiro. Porque o Johnny é nosso principal center, quem disputava o puck e ele ganhou muitos faceoffs para a gente.

Gomes: A gente jogou super bem. A gente terminou esse campeonato e era impressionante a diferença do primeiro jogo amistoso para o último jogo. Impressionante a melhora do time, individual e no todo.

Vannuchi: A experiência jogou para o nosso lado muito bem, então a gente soube lidar com essa intensidade toda do jogo devido à experiência dos jogadores. A gente tinha uma galera já da velha guarda que soube dosar muito bem. Foi o auge. Quando você vê acontecendo, concretizando todo aquele esforço, e uma coisa improvável, né? Quem dava para a gente que a gente ia chegar a conquistar uma medalha de bronze?

Medalha de bronze entregue ao Brasil após o torneio (Foto cortesia de Alexandre Capelle)

Gomes: Sobre essa vitória nossa, acho que foi aí que a gente decidiu que podia ser jogador de gelo e que o hockey brasileiro podia ir para esse lado também, não só roller hockey. Acho que foi muito importante. Quem gosta de hockey, quem ama hockey, a maioria começou vendo e se apaixonando pelo gelo, e foi um sonho estar dentro do gelo, jogando nesse nível. Então foi uma realização para todos.

*Capelle: Eu estava no banco como dirigente e treinador auxiliar do Jens, cuidando do ataque. Fiquei muito feliz no final do jogo e com a importante conquista da medalha de bronze para o Brasil. Foi a primeira medalha que o brasil conquistou num campeonato de hockey no gelo, a primeira de um país sul-americano. Foi maravilhoso. Parabéns a todos os envolvidos.

Hämmerle: Foi sensacional a gente de pé lá no gelo esperando a medalha. Você fica com tanta adrenalina que até esquece das coisas, aí toca o hino e tu chora, muito maneiro.

Tonietto: Eu lembro muito bem a sensação da medalha, sabe? Só estar na fila lá para receber a medalha depois do jogo.

Vannuchi: Foi como se a gente ganhasse o campeonato porque a gente não esperava. A medalha de bronze era uma coisa que parecia longe. E quando você vê que estava acontecendo, esses minutos sempre muito intensos emocionalmente para o atleta, e você saber dosar isso foi a grande diferença da equipe do Brasil. Foi sensacional, a gente indo lá todo mundo no goleiro, todo mundo comemorando, foi algo emocionante, assim, uma comemoração como se fosse um título mesmo.

Depois do torneio

Tonietto: Foi uma festa que eu não imaginava jamais fazer parte disso, sou muito grato de ter incomodado o Capelle para ter ido e fazer parte disso. Foi simplesmente incrível, não tenho nem palavras pra dizer.

Hämmerle: A gente ter conseguido aquela medalha ali foi sensacional, acho que foi a maior conquista da minha vida até hoje, e eu tenho o maior orgulho daquilo. Por mais que eu não tenha jogado, eu estava ali em todos os treinos e eu me empenhei e tava com meus amigos, e foi sensacional. E me fez desenvolver como atleta demais também, porque você tá lá, você tá vendo tudo, você tá participando então você cresce, você cria vínculos mesmo. É muito bom, queria muito voltar no tempo e poder fazer de novo.

Degani: Para a comunidade aqui, brasileira, do hockey foi muito importante esse campeonato. Acho que muita gente que não enxergava o hockey brasileiro como podendo estar presente no cenário mundial, mudou bastante esse conceito. Porque no hockey inline a gente sempre teve conquistas excelentes. A gente teve resultados ótimos, mas mesmo tendo esse respeito no cenário mundial, acho que mesmo dentro do Brasil o fato da gente não ter nenhuma conquista no hockey no gelo, o pessoal falava ‘ah, mas é só inline.’ Acho que para dentro da comunidade brasileira de hockey foi muito importante participar desse campeonato e mais ainda ter ganho essa medalha.

Capelle: Hockey é hockey. É claro que existe uma transição, alguns que podem e jogam no gelo todo dia, outros ficam um ano sem jogar e põem os patins, mas o time evoluiu muito e hoje eu tenho a maior felicidade de ter essa medalha aqui. A gente está no país do futebol, mas uma medalha assim acho que é a mais importante que eu tenho.

Hämmerle: A gente está tentando crescer o esporte, mas tem que ser aos poucos, tem que ter paciência, a gente tem que fazer o que a gente pode e da melhor maneira possível. Daqui a pouco aparecem aí os caras que são melhores que eu, que o Bruno, que o Fifo, o Degani, e vão tomar o nosso lugar, mas alguém tem que começar.

Hinderlie: Foi ótimo ter aquele primeiro torneio de experiência como um time de verdade e eu sinto que muitos dos jogadores achavam que as coisas iam mudar e talvez teria um pouco mais de estrutura e organização, e até hoje isso é difícil, porque não tem um rinque de verdade.

Hämmerle: Hoje a gente está colhendo um pouco dos frutos do que gente fez em 2015. Porque se você for parar pra pensar, o que a gente fez em 2015 não vai trazer frutos em 2016. Nada funciona tão rápido desse jeito.

Hinderlie: Estou animado com o que vai acontecer. Tenho esperança de que como organização a gente possa dar mais oportunidades ao maior número de pessoas possível para jogar esse jogo fantástico. É o melhor esporte coletivo porque você precisa sempre ter certeza de que todos estão na mesma página. Porque se você tem pessoas que são só passageiros e não trabalham junto com o resto, você não vai tem um time de sucesso. Eu acho que o hockey no gelo é um modelo para ajudar as pessoas, no geral, unir todo mundo, porque vivemos em um mundo politizado agora em que tudo é tão dividido e chega a ser repugnante, e eu penso que é ótimo ter um esporte como o hockey, em que você pode colocar tudo de lado e trabalhar em equipe e tentar conquistar algo maior do que você. Isso é o que eu sempre falei para o pessoal, não é sobre você como indivíduo, é sobre o time, sobre todos se unindo e trabalhando duro e usando seus dons e talentos para ajudar o time. Nem todo mundo vai ser um artilheiro, mas você pode entrar no gelo e, se você estiver se movimentando e se esforçando, você pode fazer coisas boas acontecerem, e isso, no final, é o que significa ser um jogador de hockey de sucesso.

*: depoimento editado pós-entrevista, a pedido da fonte.

3 Comments

Sandra Graciano 26 de Julho de 2020 - 21:34

Meus meninos, assim eu os chamava…sou a mãe do Yan e do Leandro kkk Parabéns pela matéria… eu me sentia mais uma da equipe kkkk… ainda assisto todos os jogos e todos os treinos que levou a Primeira Medalha, gravava tudo com minha câmera..
Para o Jeans (treinador) mistrar p meys meninos…. Emocionante !! QUE SAUDADES Fizeram história… rimos muito mas miito mesmo…, gritei muiiittto Vão Bora Brasil Nao Deixa Chutar contra tudo e todos, e vencemosss❤️🙌🏻❤️Que a CBDG retome o ice hockey brasileiro Vão Bora Brasil Voltemos a Jogar

Mafe Pavanello 27 de Julho de 2020 - 00:27

Obrigada por ler, Sandra. Estamos torcendo para que todos voltem logo a jogar e a gente possa torcer muito por esse Brasil!

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