#FörFramtiden: a importância do movimento para o futuro do hockey feminino

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Já não é mais novidade o preconceito que grande parte das mulheres sofre quando decide seguir carreira no universo esportivo. Jornalistas, atletas, gestoras, analistas.

No hockey especificamente, também é sabido que o esporte é dominado pelo sexo masculino.

Por fim, também são old news que mulheres ligadas ao esporte já sofreram, em algum momento de sua carreira, discriminação. Ainda existe uma parcela do fandom que não conseguiu aceitar que elas também pertencem ao hockey. Sim, tanto quanto os homens. 

Desse modo, o time feminino de hockey sueco foi um dos que resolveu dizer “chega!” A jogadoras se uniram, e criaram o movimento #FörFramtiden. Este por elas mesmas e pelas futuras atletas, com a intenção de desenvolver um ambiente saudável para todas as meninas que sonham em fazer do esporte seu trabalho um dia. 

O que é o #FörFramtiden

Num geral, o #FörFramtiden é um movimento, organizado pelo Time Feminino de Hockey da Suécia. Este tem o intuito de reivindicar melhores condições para as atletas do time. A intenção é criticar a maneira inferior como a confederação tem tratado os times femininos. O tratamento é visto como completamente diferente do destinado aos times masculinhos, em vários aspectos.

Portanto, protestantes ao descaso, 43 jogadoras da Seleção Sueca Sênior anunciaram, em 14 de agosto, um boicote ao training camp. Também optaram por não participar do Torneio das 5 Nações, que teve início em 20 de agosto de 2019. Tal anúncio foi feito nas mídias sociais das jogadoras, um dia antes da equipe feminina precisar se reunir para o training camp em Bosön, complexo de esportes localizado em Estolcomo, na Suécia, destinado a Confederação de Esportes do país. 

Parte do manifesto conta com os seguintes dizeres:

“Todas os jogadoras convidadas a jogar pela Seleção Nacional de Hóquei Feminino da Suécia informaram hoje à Federação Sueca de Hóquei sobre uma decisão mútua e unida. Um total de 43 jogadores foram convidadas para o training camp e Torneio. Porém, ninguém participará de nenhum. A partir de hoje, [nenhuma das atletas] representará as cores azul e amarelo até que a Confederação Sueca de Hockey nos mostre que está disposta a trabalhar ao lado de nossas jogadoras para desenvolver e criar melhores fundamentos para as atletas atuais e para todas as próximas.”

A resposta da confederação foi que eles estavam surpresos com o manifesto. Porém, em momento algum acabaram por citar as condições que o time feminino precisa enfrentar em todas as competições. Muito menos mencionaram soluções para a criação de melhores ambientes para as jogadoras atuais do time feminino de hockey, e também para as futuras atletas. 

A importância do movimento

Seguidamente, as atletas sugeriram, no manifesto, 10 pontos que necessitavam mudanças. Alguns destes são: maiores investimentos monetários nos times de hockey femininos (que são bastante inferiores às equipes masculinas), seguro para as atletas, melhores condições de viagens para os torneios, de uniformes, suplementos nutritivos (estes que muitos atletas afirmam já ter recebido com a validade expirada).  

Dessa forma, discussões como essas são de extrema importância para que a próxima geração de atletas saiba o seu valor. Por fim, que entendam também que não merecem menos do que o mesmo respeito que os homens pelo trabalho excepcional que fazem. Assim, para que continuem levando tais pautas para que o futuro do hockey feminino seja brihante.

Atletas apoiando o movimento

Henrik Lundqvist, sueco que joga pelo New York Rangers, da NHL, declarou apoio ao movimento de suas colegas de seleção. Ele insistiu que, para que exista um acordo entre a equipe sueca de hockey feminino e a confederação de hockey sueca, é necessário diálogo.

“Onde os recursos são usados ​​hoje? Podemos mudar a priorização / estrutura? Acredito que é bom iniciar um diálogo, porque a situação que as mulheres enfrentam é insustentável. O mais importante é iniciar o diálogo. As mulheres precisam sentir que têm oportunidades certas para realizar o máximo possível [pela equipe], mas, ao mesmo tempo, a Associação Sueca de Hockey no Gelo está se excedendo. (…) Não é sobre grandes recursos. Às vezes são sobre pequenas coisas, extremamente importantes, que fazem a diferença na preparação de qualquer atleta”, afirmou o atleta.

No entanto, Lundqvist não é o primeiro atleta a apoiar o movimento. Outra iniciativa veio de seu colega de equipe nos Rangers e na seleção sueca. Mika Zibanejad doará 1 dólar para o time feminino a cada hambúrguer vendido no Brödernas, restaurante do qual ele é dono, juntamente com seu irmão e amigos. 

Logo, discussões como estas são necessárias para ressaltar o mesmo ponto que as mulheres vêm tentando afirmar há anos: elas merecem estar no esporte, e disputar com a camisa de seus países tanto quanto os homens.

Equipes femininas são tão talentosas e competitivas quanto os times masculinos. Por isso têm o direito de lutar por melhores condições para ter a oportunidade de fazer do esporte seu principal ofício, da mesma maneira que os homens podem fazer. Merecem ser apoiadas por falarem tão abertamente, por lutarem por suas causas em um mundo tão machista, como é o dos esportes. 

Estamos no século 21. Não existe mais espaço para descriminação e mudanças são necessárias. Agora.

Foto: Reprodução/theicegarden.com