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Jogos da NHL tem primeiras transmissões por equipes femininas

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Jogos da NHL tem primeiras transmissões por equipes femininas

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Antes da Liga ser suspensa por causa do Coronavirus, tivemos um dos eventos mais legais da temporada. Isso porque o dia internacional da mulher foi cheio de surpresas na NHL. A Liga transmitiu pela primeira vez dois jogos compostos apenas por equipes femininas. Do broadcast ao controle de câmeras, foram elas quem dominaram a noite. 

No entanto, elas não só dominaram como também fizeram história no esporte. Sendo assim, resaltamos ambas as transmissões e explicar a importância destes eventos para a inclusão das mulheres no mundo esportivo. 

As mulheres assumem o controle

No dia 16 de fevereiro, a NBC anunciou através de um comunicado oficial que, em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, iria recrutar apenas mulheres para transmitir e produzir o jogo entre Chicago Blackhawks e St. Louis Blues. 

A partida ocorreu no domingo (8). Estúdio, sidelines e backstage, por fim, ficaram pequenos diante de tamanho talento. A equipe foi composta por Kathryn Tappen (apresentadora no estúdio), Jen Botterill (âncora no estúdio), Kate Scott (play-by-play), Kendall Coyne (analista do jogo no gelo) e AJ Mleczko (analista da partida). A produção do jogo também contou com Rene Hatlelid (produtora) e Lisa Seltzer (diretora). 

Ao longo da transmissão da partida, diversas mulheres que deixaram sua marca no esporte foram homenageadas. A intenção da NBC com o evento é tentar cada vez mais “inspirar as futuras gerações de mulheres a se destacarem no gelo e nos bastidores”. 

Todavia, apesar de estarem participando da primeira transmissão apenas com mulheres, algumas destas profissionais já são conhecidas por seu trabalho no mundo do hockey. A apresentadora Kathryn Tappen é um exemplo, tendo transmitido diversos jogos da NHL nos estúdios da NBC. A jornalista afirmou ao próprio site que, embora já tenha participado do broadcast de diversos jogos, nunca teve a oportunidade de fazer parte de uma equipe que contasse apenas com o público feminino. 

“Transmito (jogos) há 17 anos, mas a primeira transmissão que fiz com uma produtora foi apenas há dois anos atrás. O fato de celebrarmos o Dia Internacional da Mulher com uma equipe feminina de transmissão e produção me diz até onde chegamos em um tempo muito curto. Esperamos que nossa transmissão ajude a inspirar as jovens que assistem a seguir seus sonhos, porque provamos que tudo é possível e tenho orgulho de fazer parte disso.”

Kathryn Tappen para o site da NBC. 

No entanto, a NBC não foi a única a dar o controle do espaço para as mulheres no dia oito. A Sportsnet, por fim, também resolveu aderir a ideia e teve o jogo do Calgary Flames e Vegas Golden Nights também produzido e transmitido por uma equipe formada por apenas mulheres. Equipe esta composta por Christine Simpson (apresentadora), Leah Hextall (play-by-play), e Cassie Campbell-Pascall (analista do jogo) e o restante do time que faz tudo acontecer atrás das câmeras. 

Os comentários em relação a transmissão

Apesar de diversas pessoas na comunidade do hockey acharem a ideia de um broadcast feminino mais do que bem vindo, muitas pessoas ainda sim se mostraram contrárias a participação das mulheres nas transmissões do dia oito. Diversos comentários sexistas foram profanados nas postagens das emissoras sobre o evento nas redes sociais, sendo estes críticas nada construtivas em relação ao trabalho impecável feito pelas mulheres.

Porém, apesar dos comentários negativos e ofensivos, diversos profissionais da área vieram a público defender a iniciativa das emissoras. Seguidamente, muitos destes, inclusive as próprias profissionais envolvidas nas transmissões, ressaltaram a importância de eventos como este em um esporte como o hockey.

AJ Mleczko, que foi a analista de jogo da partida entre Blackhawks e Blues, fez questão de ressaltar para o site da NHL a necessidade de ver as mulheres ocuparem espaços no esporte e a partir daí, novas portas possam se abrir.

“É significativo por causa da visibilidade que fornece. Para as pessoas sentadas em casa assistindo nós três aqui, e [Tappen] e [Botterill] no estúdio, vendo mulheres falando sobre hockey do jeito que falamos – estamos muito preparadas e educadas neste jogo – […]. Para quem está sentado em casa [assistindo], meninos, meninas, homens, mulheres, saindo da faculdade, seja o que for, permite que eles entendam que há mais oportunidades. Talvez eles optem por não seguir esse caminho, mas a mídia está aberta a homens, mulheres, qualquer pessoa e a visibilidade é a maior parte.”

Mleczko para a NHL.

Linda Cohn, jornalista da ESPN, também veio, em meio de suas mídias sociais, explanar sua felicidade ao ver as mulheres tendo oportunidades como estas no mundo esportivo. Todavia, ressalta também que não deveria ser algo que venha a acontecer apenas uma vez ao ano. 

Seguidamente, em uma das páginas da NBC Sports, Laura Oakmin (apresentadora da NFL na Fox) também veio a público falar sobre o quão importante era ver mulheres quebrando barreiras. Principalmente no mundo dos esportes, que ainda é bastante hostil com o público feminino. 

Após os jogos, Kendall Coyne, que também participou da transmissão feita pela NBC. A jogadora disse que se sentia honrada em fazer parte de uma equipe cheia de profissionais tão talentosas. 

Por último, Mark Lazerus, correspondente dos Blackhawks no The Athletic, apontou o outro lado da história. Sendo homem e jornalista, viu a transmissão dos jogos com outra perspectiva. Para ele, este tipo de ação representa uma nova porta de oportunidades aberta para as meninas da nova geração no mundo do hockey. 

Todos os dias, diversas mulheres no mundo do esporte sofrem assédio durante o exercício da profissão, questionando o trabalho delas apenas pelo seu gênero. Dentre estes comentários de mau gosto, existem diversos questionamentos sobre quais seriam as motivações por elas estarem ali, mas não levam em consideração que a profissional está ali pelo esporte.

Geralmente, os comentários nas redes sociais questionam se, este interesse seria de fato é pelo esporte ou teria outra motivação por trás. Isso porque, aparentemente, a nossa sociedade machista persiste na ideia de que mulheres ainda são as vilãs e estão em busca de relacionamentos do qual podem tirar vantagens. 

Mas esta ideia da Idade Média não cabe mais ao século 21. Cada vez mais as mulheres vem conquistando o seu espaço em cargos de grande importância em todas as esferas da sociedade. Dessa forma, eventos como estes são necessários em mais do que apenas um dia do ano. 

A presença de mais mulheres no mundo esportivo é essencial para uma maior equidade de gêneros dentro e fora das arenas. O trabalho destas jornalistas cada vez mais estão em destaque e se incomoda tanta gente assim, é porque elas estão fazendo o trabalho direito. E, ao contrário do que estes comentários maldosos dizem, a motivação dessas profissionais é de cobrir o hockey da melhor forma possível, levando informações corretas e de boa qualidade para os fãs do esporte. 

Portanto, está na hora de cada vez mais mulheres estarem a frente de transmissões esportivas, reportagens, entrevistas, podcasts  e demais cargos no mundo do esporte.

Foto: Reprodução/nhl.com

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